O haicai é uma forma poética curta, originária do Japão, caracterizada pela simplicidade e pela captura de momentos da natureza e da vida cotidiana.
É composto por apenas 17 sílabas, divididas em três linhas:
- 5 sílabas na primeira,
- 7 sílabas na segunda,
- 5 sílabas na terceira.
Caracteriza-se, essencialmente, pela união da simplicidade com a profundidade, convidando-nos a “assistir” a uma cena traduzida com poucas palavras.
Com pouco, se diz muito. Visualizamos a cena acontecendo.
A beleza do haicai reside em sua capacidade de capturar um momento de forma concisa, muitas vezes despertando emoções profundas por meio de imagens simples.
Monge budista e poeta, Matsuo Bashō nasceu em 1644, na província de Iga, Japão, e é considerado o primeiro e maior poeta japonês do estilo haicai (ou haiku).
Bashō desejava que sua poesia levasse seus leitores a um estado mental especial, valorizado pelo zen budismo. Sua obra reflete dois dos mais importantes ideais do Zen: Wabi e Sabi.
- Wabi refere-se à satisfação com a simplicidade na austeridade.
- Sabi é a apreciação do imperfeito, do que é passageiro.
A estética japonesa do wabi-sabi — a beleza da imperfeição e da transitoriedade — está profundamente conectada com a natureza e com sua capacidade de inspirar essa visão de mundo.
Dois haicais de Bashō:
Borboletas e
aves agitam o voo
Nuvem de flores
— Matsuo Bashō
Chuva de verão
perna de garça então
se torna curta
— Matsuo Bashō
O haicai transmite a beleza da natureza e a serenidade do momento, com uma imagem simples, mas profunda.
Ao ler um haicai, busque a cena. Leia, feche os olhos e sinta a emoção daquele momento breve e sutil.
É um estilo poético que me atrai tanto que, ao longo dos dias, muitas vezes me pego “traduzindo” cenas e contando sílabas.
“Não procure seguir os passos dos sábios. Procure o que eles procuraram.” — Matsuo Bashō