A inspiração é uma ave que alça voos de uma terra distante,
mas não pousa no destino permanecendo ali, estática.
Ela é fluida, efêmera e sutil —
habita o universo da meditação, do silêncio e da respiração profunda.
É preciso se colocar num estado de presença paralelo,
sem, no entanto, dar a entender que se está querendo capturá-la.
Ela existe na liberdade.
É como aquele pássaro lindo que voa, chega bem próximo de nós,
e ficamos na esperança de que pouse no ombro para uma breve conversa.
Às vezes, ela nem aterrissa.
Durante os voos rasantes, fica na esperança de que alguém a perceba.
Outras vezes, chega a pousar,
mas, quando vou buscar caneta e papel, já partiu.
A inspiração, essa ave inquieta e imprevisível, de livre acesso,
voa e pousa levando ideias e criações na bagagem
que precisamos despachar para o mundo.